Quem não sentiu saudades durante este período de pandemia que estamos vivendo?
De todas as mudanças de rotina que foram necessárias, o cancelamento das aulas e das atividades de convivência em grupo, acredito que têm sido a mudança de maior impacto na vida de todos. Com as crianças em casa, os pais foram obrigados a driblar os desafios, trabalhar em home office, contar com uma rede de apoio, fazer o impossível tornar-se possível.
No Instituto Semear não foi diferente, ver nossos espaços vazios, sem risos, gargalhadas e porque não alguns conflitos, nos machuca, nos entristece. O que nos move, e faz girar nosso trabalho são as crianças e adolescentes que atendemos diariamente.
Pensando nisso, realizamos nos dias 13 e 20 de novembro o Drive Thru da Saudade em nossas Unidades Parque Via Norte e Vila Olímpia.
Neste dia, compartilhamos sorrisos, ouvimos histórias, trocamos olhares, gestos tão simples, mas que são o combustível da nossa missão.
Agora, estamos com o tanque cheio, preparados para mais atividades e encontros online, certos que mesmo à distância nosso vínculo será sempre mantido, pois mais uma vez comprovamos que nosso vínculo é feito de AMOR.
Agradecemos a todos que participaram deste evento, e em breve marcaremos um novo Drive Thru!!
Instituto Semear e a PandemiaDevido pandemia se dada pelo COVID 19 em 2020, as atividades de convivência foram suspensas desde março 2020, conforme Decretos Municipais nº 20.782 de 21 de março de 2020 e 20.785 de 23 de março e 2020, assim como as Notas Técnicas SMASDH: nº 001/2020 de 19 de março de 2020 e 002/2020 de 22 de março de 2020.
Desde então, o Instituto Semear tem buscado outras formas de atender seu público, assim como a comunidade dos territórios onde atua. Fez parceria com o Banco de alimentos, e até o momento já realizou mais de 400 cadastros e entregou mais de 600 cestas básicas.
Junto com parceiros, têm conseguido repassar cestas para as famílias que atende, e/ou para aquelas famílias que após avaliação das Assistentes Sociais se encaixam nos critérios.
Trocou sua linha de material de limpeza, por produtos de uso hospitalar que garantirão a limpeza e higiene necessária para o combate ao vírus. Também fez instalação de dispenser de álcool gel em todos os locais de acesso interno, distribuiu máscaras para o público e famílias atendidas e para seus colaboradores além das máscaras de pano, também disponibilizou as máscaras de acrílico.
Além disso, tem realizado diversas atividades virtuais, assim como encontros online com o objetivo de não perder o vínculo com as crianças e adolescentes atendidos em suas unidades.
Apesar de toda dificuldade, o Instituto Semear é muito grato aos parceiros que mesmo neste momento de grande dificuldade para todos, não deixou que o trabalho de Instituto se pausasse.
Continuamos na torcida para o fim dessa pandemia e ansiosos para nosso reencontro!
Hip hop leva determinação, valores e possibilidades para crianças e adolescentes na SemearÉ como mágica: o burburinho da conversa que se desenrola enquanto a turma aguarda o arte-educador preparar e ligar o som dá lugar rapidamente a crianças e adolescentes atentos e interessados a cada movimento da aula de hip hop. Dentre todas as oficinas oferecidas à crianças e adolescentes de 6 a 14 anos pela unidade Vila Olímpia da Associação Beneficente Semear, em Campinas/SP, a atividade que envolve o gênero musical que surgiu na década de 70 em Nova York é a mais popular e concorrida, e vista como uma porta para oportunidades futuras na vida da comunidade.
Com a batida ritmada que pede movimentos rápidos e precisos, o hip hop é uma dança desafiadora para a maioria das crianças e adolescentes que frequentam a oficina comandada pelo arte-educador e dançarino profissional Wellinton Rodrigues dos Reis. Mas as crianças se mostram concentradas e esforçadas e conseguem aprender os passos e coreografias rapidamente.
O sucesso do hip hop na Associação Semear, que hoje é a oficina que referencia a entidade parceira da Fundação FEAC e é considerada a “menina dos olhos” pela equipe profissional do local, foi conquistado ao longo dos cinco anos em que o professor Wellinton atua na Vila Olímpia, mesmo tempo da existência da entidade no bairro.
“No início foi difícil. As crianças e adolescentes ficaram apáticos à dança e a participação era pequena”, lembrou o dançarino. A estratégia do arte-educador para conquistar o interesse da turma para a dança foi abordar a história e a origem do hip hop e as possibilidades que a dança pode trazer, no sentido de oportunizar sonhos e metas para suas vidas.
Outra abordagem de Wellinton foi falar sobre a própria experiência para inspirar os meninos e meninas, já que em sua adolescência, ele também participou do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), do governo federal, na época, desenvolvido em Sumaré/SP. “Eu sofri muito preconceito por ter escolhido seguir a carreira de dançarino. As pessoas, até mesmo da minha família, achavam que isso não era profissão. Mas provei para eles que é possível. Faço questão de passar minha vivência para que as crianças se conscientizem de que podem alcançar seus sonhos”, disse o dançarino, que com seu grupo Yo Hip Hop, já esteve em apresentações em programas de TV e participou de concursos internacionais de dança.
Dançar para transformar
Todo o trabalho desenvolvido com o hip hop que acontece há anos se transformou em um caso de sucesso na instituição. Hoje a oficina tem a participação da maioria das 300 crianças e adolescentes atendidos na Semear e, segundo Roberta Dantas de Oliveira Santos, coordenadora geral da entidade, é a ação que mais dá resultados e traz mudanças em todos os sentidos na vida dos participantes.
A dança estimula a disciplina, o senso de organização, a determinação, o respeito e o comprometimento dos meninos e meninas. Na opinião do arte-educador, a autoestima também é muito trabalhada, já que constantemente o grupo faz apresentações de dança e já esteve em empresas como a Bosch e no Teatro Iguatemi Campinas, na apresentação do programa FEAC Arte e Cultura.
“Nos momentos dos espetáculos é que os próprios atendidos, as famílias e até mesmo os profissionais da entidade conseguem ver o valor do trabalho que está sendo desenvolvido. É algo que dá orgulho, promove o estreitamento de vínculos entre toda a comunidade e valoriza o esforço de todos”, avaliou Wellinton.
A diversidade e a solidariedade também são questões trabalhadas na oficina de hip hop. Segundo o arte-educador, algumas crianças têm dificuldades em aprender os passos da dança, outras não têm muita coordenação motora. É aí que o valor de respeitar a limitação de cada um é trabalhado. Hoje todos se ajudam e percebem que apesar das dificuldades, com esforço e muito treino eles conseguem vencer suas próprias barreiras. O preconceito relacionado ao biotipo das crianças e adolescentes também foi vencido na oficina de dança.
“Hoje já está mais que comprovado que todos consegue dançar hip hop. Só depende deles mesmos, porque a força de vontade que eles têm com a dança é o que faz seguirem em frente e perceberem que é possível – não só no hip hop – traçar planos para a vida, fazer uma faculdade ou procurar emprego e se desenvolverem em todos os aspectos”, afirmou Wellinton. Para o arte-educador, somado ao esforço e dedicação, o amor pela dança também deve estar presente, por que acredita e ensina que aos seus pupilos que com estes sentimentos é possível alcançar o que se quer.
Bem-estar
Para Daniel Henrique de Barros, 13 anos, hip hop é vida. O menino desenvolto e que se destaca durante a coreografia que está sendo ensaiada, sempre teve interesse pelo gênero, e a oportunidade de dançar surgiu quando a oficina foi criada. Apesar da facilidade que tem para a dança, Daniel se dedica às aulas e sempre tira dúvidas para aprimorar seus movimentos. Tanta determinação o levaram a conquistar uma bolsa de estudos na mesma companhia de dança de Wellinton. “O hip hop traz coisas novas, aprendizagens, experiência e amigos. Se eu não dançasse, não teria acesso a muitas coisas que já tive até agora”, refletiu
Já Beatriz Oliveira Araújo, 14 anos, começou a frequentar o hip hop porque se considerava elétrica e bagunceira. “Eu comecei porque precisava gastar energia, e acabei me apaixonando pela dança. O hip hop me ajudou a ter resistência, e trouxe ensinamentos que levarei para a vida toda. O que aprendo na dança reflete na minha educação, no meu modo de agir, conversar e tratar as pessoas”, afirmou a menina, que leva sua experiência da dança para seus treinos como membro da equipe de atletismo da Orcampi, que representa Campinas em várias competições da modalidade no país.
Cartão de visitas
A força do hip hop na Semear acaba influenciando positivamente nas demais atividades oferecidas dentro da instituição. Segundo Gabriela Domingues de Castilho, assistente social, por meio da participação na oficina de dança, os atendidos passaram a se envolver com as demais iniciativas e houve o aumento da frequência de crianças e adolescentes.
Na opinião de Gabriela, o hip hop traz uma mudança de visão de mundo para os atendidos. “As famílias passaram a perceber as mudanças positivas dos filhos em casa. Temos vários relatos de pais que perceberam a motivação das crianças para a dança e também para buscar objetivos de vida. Então, elas veem no hip hop uma oportunidade para ter perspectiva de uma vida melhor do que elas estão acostumadas a conviver na comunidade onde moram”, disse.
Novas oportunidades
Um dos motivos pelo qual há tanta dedicação na oficina de hip hop na Semear é a oportunidade dos meninos e meninas participarem de apresentações culturais promovidas pelo programa FEAC Arte e Cultura, que tem como premissa valorizar e fomentar o desenvolvimento de ações socioculturais e esportivas como estratégia de convivência e fortalecimento de vínculos, enquanto direito fundamental de todos os cidadãos.
Para Roberta Oliveira, coordenadora geral da entidade, a participação dos atendidos nas apresentações do FEAC Arte e Cultura resultou inclusive no interesse de diversas empresas em apoiar a Semear. “Nossa participação no programa da Fundação FEAC abriu portas para que várias empresas conhecessem nossa instituição e assim, oportunidades de termos novas parcerias. É por meio dessas apresentações culturais que conseguimos mostrar o tamanho do trabalho que desenvolvemos”, afirmou.
Para a grande apresentação no fim do ano, o grupo de ensaio da oficina de hip hop da Semear já está treinando com persistência.
Segundo Nadir Aparecida Semenzin Braga da Silva, arte-educadora responsável pelo FEAC Arte e Cultura, o empenho, compromisso, responsabilidade e competência foram os ingredientes que trouxeram as crianças e adolescentes da Semear de volta para o palco do teatro em 2017, com um desafio ainda maior do que o vivenciado no espetáculo de 2016. Além da dança, terão que desenvolver outras habilidades que são inerentes a um musical: o teatro com diálogos falados e cantados. “O encontro com novas linguagens artísticas certamente despertará novas aptidões e a busca por novas experiências. Junto com as novas experiências, novas aprendizagens, a ampliação do repertório cultural e a oportunidade de conviver e interagir”, analisou.
Entre as famílias dos pequenos dançarinos, a participação do grupo em uma grandiosa apresentação é motivo de orgulho. É uma oportunidade única de interação e troca de emoções, reconhecimento e felicidade. Vínculos são fortalecidos. É a arte cumprindo sua função.
Atividades na horta promovem autoconhecimento e respeito nas relações interpessoaisNos fundos da Associação Beneficente Semear – unidade Parque Via Norte – o amplo gramado leva até uma horta vistosa e bem cuidada, onde as 120 crianças e adolescentes atendidos pela entidade aprendem sobre os cuidados com as hortaliças e a importância de uma alimentação saudável. Para além disso, a iniciativa desenvolve a autoestima e o respeito interpessoal.
Assim é o fundamento do trabalho da oficina Ser e Essência, que procura fortalecer a inteligência emocional dos atendidos pela entidade, que é parceira da Fundação FEAC. Dessa maneira são incentivados aspectos como o pensar antes de agir e reagir, o respeito, trabalho em equipe e altruísmo.
Arthur Arruda Alves, educador social responsável pela oficina, definiu uma maneira eficiente e criativa para desenvolver na prática o conhecimento sobre inteligência emocional trabalhado com as 120 crianças e adolescentes de 6 a 14 anos atendidas pela entidade: cuidar e cultivar da horta da Semear.
Segundo o educador, metade do tempo de duração da oficina é dedicado à sala onde conceitualmente é trabalhado o material lúdico e colorido doado pelo Instituto Cury, que se baseia na metodologia multifocal e a escola da inteligência, que incentiva e desenvolve a educação socioemocional. O restante da oficina é, na prática, desenvolvida no quintal da entidade, onde uma atraente e organizada horta é cultivada com mais de 10 variedades de hortaliças.
“Na horta, eles colocam em prática tudo aquilo que aprenderam na teoria. Para os cuidados com as plantas, como o plantio, a rega das mudas, a limpeza do quintal, as crianças precisam trabalhar em equipe, planejar a atividade e praticar a gentileza entre os colegas. O interesse que eles têm pelo cultivo da horta acontece naturalmente”, explicou Arthur.
Os resultados de todo esse trabalho são crianças mais respeitosas, tolerantes, pacientes e empáticas. De acordo com o educador social, uma das principais preocupações da equipe da Semear é a continuidade do trabalho desenvolvido com as crianças em outros ambientes em que vivem. “Além dos resultados nítidos no dia a dia aqui na entidade, também temos o retorno de familiares e professores das escolas onde estudam. Os casos de agressões entre eles e os conflitos interpessoais tiveram uma queda muito grande”, explicou Arthur.
Com isso, a horta também passou a ser melhor cuidada e os pequenos responsáveis por ela já sabem quais são as tarefas que devem ser feitas para a manutenção das hortaliças, realizadas diariamente. Os atendidos também têm a responsabilidade de cuidar do Cenourinha, o coelho que vive no quintal da instituição e recebe todo o carinho e dedicação das crianças, que diariamente trocam a água e se certificam que há ração suficiente para o pet.
“Gosto de cuidar da horta porque aprendi que temos que cultivar os alimentos para que nunca faltem e nossa saúde não seja prejudicada. Também aprendi aqui que é preciso ajudar os outros e ser gentil quando alguém também nos ajuda”, disse Vinicius Rafael Grigolin Soares, 10 anos, que assim que termina suas tarefas na horta, se junta aos colegas no parquinho que também fica nos fundos da instituição.
Ao fim das atividades realizadas na oficina são feitas rodas de conversa. Neste momento, o educador social se reúne com as crianças e adolescentes no pergolado que fica ao lado da horta para discutirem sobre o que deu certo durante as ações desenvolvidas e o que ainda precisa de aprimoramento. Dessa maneira, eles melhoram a convivência com o hábito do diálogo e pensam em ações futuras.
Além de participarem de todo o processo de plantio, cuidados e colheita, as crianças também preparam e consomem o que é produzido na horta, por meio de outra oficina da Semear, a Pequenos Chefs, que assim como a Ser e Essência e todas as outras atividades realizadas na instituição, se baseia na metodologia multifocal e inteligência emocional. Integradas, as oficinas incentivam as crianças a terem hábitos mais saudáveis e a experimentarem alimentos antes nunca provados. Outro resultado positivo foi a diminuição do desperdício de verduras e legumes durante as refeições consumidas na instituição.
Com os bons resultados alcançados com as atividades na horta, a equipe da Semear já pensa em aumentar a variedade de hortaliças com o cultivo de variedades como tomate e erva cidreira. Os cuidados com árvores frutíferas e o cultivo de um jardim com flores e plantas ornamentais também estão nos planos da turma.
Somando esforços, as famílias dos atendidos fazem sua parte e sempre ajudam na horta. Alguns doam mudas, outros adubo, e muitos têm o interesse de participar. O que as crianças aprendem na oficina que lida com a horta é multiplicado em suas famílias, estreitando assim o vínculo familiar e os momentos de interação entre crianças, adolescentes e pais. Este retorno positivo sempre chega à instituição, principalmente nas reuniões que envolvem os familiares.
Foco na cidadania
Segundo Ariane Ferrarezzi, pedagoga da Semear, a ideia de incluir a horta nas atividades desenvolvidas com as crianças e adolescentes foi não só para trabalhar a questão da alimentação saudável, mas principalmente despertar a consciência do autoconhecimento e de que tudo tem seu tempo: seja na germinação de uma semente ou em relacionamentos interpessoais.
Para trabalhar a metodologia multifocal e a escola da inteligência em suas atividades, a equipe da Semear participou de formações no Instituto Cury. Dentro desta linha de trabalho que é aplicada desde 2016, a instituição realiza uma semana pedagógica em que são definidos os temas que serão trabalhados com os atendidos durante o semestre. Atualmente, o que permeia todas as oficinas é a questão do autoconhecimento. Dessa forma, a equipe consegue integrar as diferentes ações culturais, esportivas e outras desenvolvidas nas 11 oficinas oferecidas pela instituição, em uma mesma metodologia de trabalho.
“A base dessa metodologia é a educação socioemocional, que trabalha a questão das emoções e sentimentos com as crianças. A primeira lição que aprendem é pensar antes de agir. Quando começamos a aplicar isso, já gerou uma diferença no comportamento dos atendidos que frequentam a instituição. Antes o educador não conseguia resolver os casos de conflito, que sempre chegavam até a coordenadoria. Hoje isso não acontece mais, porque as próprias crianças e jovens já conseguem resolver os conflitos interpessoais por si só”, explicou Roberta Dantas de Oliveira Santos, coordenadora geral da Semear.
Para Carla Nascimento, assessora social da FEAC, os resultados positivos da oficina ressaltam o quão relevante são as concepções preconizadas para o desenvolvimento das atividades do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Os efeitos também refletem na vida cotidiana dos usuários, já que o trabalho é desenvolvido com foco e de acordo com a Política de Assistência Social.
“O trabalho em grupo e o diálogo em rodas de conversa propiciam o fortalecimento das convivências e casam com as estratégias e engrenagens propostas para esse serviço da Política de Assistência Social. A Associação tem apresentado nessa oficina resultados bem positivos, que revelam um trabalho de planejamento cuidadoso e coerente em torno das ações”, analisou Carla.
Graças ao êxito do trabalho, a entidade se destacou entre as 80 instituições que aplicam a teoria multifocal no país. Em Campinas, a Semear é a única instituição social que desenvolve esta metodologia. A equipe da entidade já planeja o próximo passo do trabalho social, que é estender ações baseadas na metodologia multifocal às famílias dos atendidos. Assim, os profissionais acreditam que os resultados serão contínuos e duradouros.
Os Saltimbancos emociona plateia com espetáculo inclusivoQuando os artistas entraram em cena, a emoção tomou conta da plateia que lotou o Teatro Iguatemi Campinas nas duas noites de apresentação do espetáculo musical Os Saltimbancos. A iniciativa, que integra o programa FEAC Arte e Cultura, desenvolvido pelo Departamento de Assistência Social (DAS) da Fundação, reuniu música, dança e teatro com diálogos falados e cantados em uma apresentação cênica encantada e divertida.
Com o objetivo de proporcionar uma vivência artística coletiva e inclusiva, fortalecer vínculos familiares, comunitários e intergeracionais e elevar a autoestima dos participantes, o espetáculo reuniu 136 crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência atendidos por Organizações da Sociedade Civil (OSCs) de Campinas/SP. No palco, eles dominaram as artes cênicas e contaram a história de quatros bichos que decidem juntos mudar o rumo de suas vidas, lutando pela liberdade.
O elenco, formado por atendidos de oito OSCs parceiras da FEAC – Projeto Gente Nova (Progen); APAE Campinas; APASCAMP; Fundação Síndrome de Down; Instituto Semear; Associação de Assistência Social São João Vianney; Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa; e Casa Maria de Nazaré (Unidade I – Casa dos Anjos) – deu um show de talento nas apresentações realizadas nos dias 12 e 13 de dezembro.
Utilizando a arte como instrumento de inclusão social, o espetáculo foi realizado a partir de uma atuação colaborativa entre as instituições, visando a oportunidade de interação entre os participantes. “A escolha de Os Saltimbancos foi decisiva para que todos pudessem vivenciar valores como o respeito e comprometimento. A arte, além de ser a única forma de expressão onde todos são iguais, ainda é essencial para o desenvolvimento pessoal e social”, falou a assessora técnica do DAS, Sílnia Prado.
Para a diretora Daniela Fisher, que durante todo o ano, em conjunto com os educadores das instituições, preparou os ‘artistas’, o espetáculo além da arte em si ainda promoveu a convivência, o compromisso e o pertencimento. “Foi um período de muita dedicação. Integramos crianças, jovens, idosos e pessoas com deficiência e formamos um grupo unido. A arte desperta a vontade de expressão, de construção de identidade e também é capaz de transformar e agregar novos valores. Estou muito feliz com o resultado que alcançamos. Foi emocionante!”, frisou.
Teatro e inclusão
Do mesmo jeito que a bicharada do espetáculo Os Saltimbancos se misturou e se uniu, os artistas da peça também formaram laços de amizade. Idosos, crianças e jovens esqueceram suas diferenças e formaram uma família pronta para fazer o melhor para plateia.
“É muito emocionante. Ensaiei muito, foi muito difícil, mas o resultado tá aí. Este ano foi mais complicado porque tivemos que memorizar os textos, cantar, dançar e interagir com os outros. Mas acabamos aprendendo e um sempre apoiou o outro. Nós conseguimos!”, exclamou emocionada a ‘gata’ Ana Ricardo, de 15 anos, da instituição Semear.
Os meninos da instituição São João Vianney, João Vitor da Silva, Cauã Barbosa dos Santos e Pedro Henrique Lázaro, que representaram os jumentos, não seguraram a emoção. “Nunca imaginei que estaria aqui e iria me apresentar para tanta gente. Foi difícil, mas a gente se ajudou e aprendeu. É muita emoção”, contaram.
As idosas do Progen também elogiaram a iniciativa. “Não podia imaginar que aos 71 anos eu iria subir num palco e me apresentar para tantas pessoas. Nesse período todo formamos uma família, as crianças são ótimas e nos respeitaram e tiveram muita paciência. A autoestima foi lá pra cima”, garantiu dona Lau Sanches. “Houve muito incentivo para que a gente participasse e estamos muito felizes”, completou dona Maximina Domingues.
Elizabete Fedoci, coordenadora da APAE Campinas, falou sobre o desafio de participar do espetáculo. “As crianças e jovens aceitaram o desafio e sem dúvida essa será uma experiência que eles irão levar para o resto da vida. Não foi apenas aprender questões técnicas de uma peça teatral. Foi trabalhar a socialização, a comunicação, a cultura e o desenvolvimento do potencial de cada um. Foi um ganho em todos os aspectos”, pontuou.
Para a coordenadora da APASCAMP, Juliana Bertelli, o processo todo foi incrível. “Quando fomos convidados nos perguntamos se daríamos conta do desafio, mas aceitamos. No princípio ficamos com medo porque as crianças têm uma dificuldade com a fala e isso também causa problemas de socialização, mas aos poucos as barreiras foram se quebrando e houve a inclusão. Esse projeto foi maravilhoso, muito importante mesmo”, ressaltou.
A bicharada
O texto do musical, inspirado na obra literária “Os músicos de Bremen”, criada pelos lendários irmãos Grimm, trata da união de um grupo de animais contra a exploração realizada por seus patrões. Cada bicho protagonista expressa sua angústia por meio do canto e decidem juntos mudar o rumo de suas vidas, lutando pela liberdade.
No musical, o jumento que não aguenta mais carregar tanto peso sem recompensa alguma, um cachorro que está muito velho para guardar a casa, uma galinha que não consegue mais botar ovos e uma gata que está cansada de servir como companhia de luxo de sua patroa. Eles se juntam e partem para a cidade em busca do sonho de se tornarem artistas.
UrbaniZarte reúne 600 pessoas e integra comunidade no Vila OlímpiaMais de 600 pessoas aproveitaram a tarde do último sábado, dia 13 de abril, nas diversas atividades realizadas durante a 1ª edição de 2019 do projeto UrbaniZarte. Desta vez, a iniciativa que visa incentivar a identidade e o pertencimento local e ainda estimular a socialização e a convivência comunitária, aconteceu na região do Vila Olímpia.
Realizada em parceria com o Instituto SEMEAR, a iniciativa da Fundação FEAC contou com a participação ativa do Instituto Cidas (Centro Integrado de Desenvolvimento em Apoio Social), que fez parte do núcleo criativo, e ainda compôs as atividades da Virada Sustentável de Campinas, evento cultural, social e esportivo, baseado nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, teve programação na mesma data.
“Tivemos o desafio de pensar e realizar o UrbaniZarte em apenas 40 dias, para que o evento pudesse fazer parte da Virada Sustentável. Apesar da correria, acredito que o dia de hoje foi um sucesso. Trouxemos muitas atrações, serviços e atividades para toda a família e conseguimos agitar o pessoal”, garantiu Sandoval de Brito, fundador do Cidas.
De acordo com a líder do Programa Fortalecimento de Vínculos da Fundação Feac, Sílnia Prado, o UrbaniZarte cumpriu seu papel. “Reconhecer o que é importante para o território, ressignificar espaços e articular lideranças e equipamentos locais para pensar e criar coletivamente para os outros são os desafios deste projeto. Afinal, desenhar uma ação desse porte implica em diálogo e integração”, contou.
Para Gabriela Domingues de Castilho, assistente social do SEMEAR e uma das responsáveis pela organização do UrbaniZarte, a ação veio ao encontro da demanda do território. “Estamos num local muito carente de atividades socioculturais e trazer essas atividades para a população é colaborar com a cidadania e o fortalecimento de vínculos. A Praça de Esportes precisa oferecer atividades para que as pessoas se apropriem dela, caso contrário é utilizada para outros propósitos”, comentou.
A ação ainda visa incentivar ações coletivas para fortalecimento de vínculos que já acontecem isoladamente, identificando lideranças e potencializando atuação de grupos que possuem diversidade em expressão cultural, artística e esportiva. A FEAC executa e viabiliza o UrbanizZarte, gerando oportunidades para que instituições que estão nos territórios em que a ação acontece sejam parceiras técnicas dessa intervenção e até líderes protagonistas das iniciativas.
Participação e diversão
A tarde ensolarada inspirou as famílias que aproveitaram cada minuto do evento e das apresentações. A criançada que lotou a Praça de Esportes brincou, correu e ainda participou das oficinas de pipa, origami e abayomi. Também teve brincadeiras antigas, recreação com bexigas e pintura de rosto.
Com o propósito de incentivar a identidade e o pertencimento local e estimular a socialização e a convivência comunitária, o UrbaniZarte do Vila Olímpia surpreendeu pela plateia que se reuniu para assistir as apresentações culturais ocorridas no teatro de arena a céu aberto da praça.
“Está tudo muito bonito e as apresentações dessa moçada são demais. Hoje estou com toda a família para ver minha neta. É muito bom ter atração para a gente ver no final de semana”, contou dona Risonete Maria do Nascimento.
Rosana Graciano da Silva, comerciante, também trouxe a família para se divertir. “Aqui somos carentes de atividades culturais e esportivas. Precisamos de atividades nos finais de semana aqui na praça porque as famílias acabam não frequentando esse espaço. Hoje o dia foi muito agradável”, comentou.
A dona de casa Patrícia Pereira também elogiou o dia. “Eu moro nos predinhos aqui perto e quando chega o final de semana a gente não tem o que fazer. As crianças precisam de espaço para correr e brincar e ter um dia como esse foi muito bom. Precisa ter mais vezes”, disse.
E além das apresentações de hip hop, show dog da Guarda Municipal, capoeira, dança circular e Taekwondo, a tarde ainda contou com a apresentação do Maculelê, da Casa Maria de Nazaré (unidade Casa dos Anjos), instituição do bairro Campo Grande. “Recebemos o convite da FEAC para fazer a apresentação fora do nosso território e ficamos muito felizes. É uma experiência única que permite aos nossos adolescentes uma nova vivência. Foi muito positivo porque eles aprendem a respeitar o espaço do outro, conhecem novas culturas e isso traz um crescimento cultural”, apontou a pedagoga da instituição Rafaela Canela.
Os participantes também puderam desfrutar de diversos serviços gratuitos como corte de cabelo, informações sobre cursos profissionalizantes, roda de conversa sobre drogas e tendas do Conselho Local de Saúde, do Hospital do Amor e sobre prevenção e direitos sexuais e reprodutivos.
“Fomos convidados para divulgar nosso serviço gratuito de mamografia orque estamos com uma carreta percorrendo o distrito Norte. Estamos informando às mulheres entre 40 e 69 anos que desejam fazer o exame para procurarem o centro de saúde local e fazer o cadastro. Está sendo muito produtivo participar do UrbaniZarte”, contou a enfermeira Sueli Razo.
Virada Sustentável
No clima da sustentabilidade, o UrbaniZarte Vila Olímpia esteve na agenda da Virada Sustentável e fez por merecer. No evento, a criançada entrou no clima do cuidado com o meio ambiente e fez um mutirão para cuidar do lixo.
Eric de Oliveira, 7 anos, curtiu muito o dia repleto de atrações e na hora de ir embora foi recolher o lixo que ficou espalhado. “A gente tá deixando tudo limpinho. O dia hoje foi muito legal e agora vamos cuidar da praça”, contou.
E esse foi o clima, incentivar e inspirar as ações em prol do meio ambiente por meio de atividade culturais.
UrbaniZarte
O UrbaniZarte, projeto do Programa Fortalecimento de Vínculos da Fundação FEAC, tem como objetivo incentivar a identidade e o pertencimento local e estimular a socialização e a convivência comunitária, consolidando assim as redes locais dos territórios de Campinas para o pleno desenvolvimento humano.
Sobre o Programa Fortalecimento de Vínculos
Iniciativa da Fundação FEAC que investe na qualificação de ações integradas de cultura, esportes e cidadania com o objetivo de prevenir o agravamento da vulnerabilidade social e reforçar os vínculos familiares e sociais protetivos.
Confira a programação do UrbaniZarte Vila Olímpia:
Oficinas
Origami
Construção de Pipa
Montagem de Abayomi
Recreação
Pega Corrente
Rabo de Cavalo
Resgate de Brincadeiras
Recreação com bexigas
Pintura no Rosto
Apresentações
Hip Hop
Aulão de Capoeira e Roda
Dança Circular
Lian Gong
Movimento Vital Expressivo
Taekwondo
Serviços
Corte de Cabelos Masculinos
Cursos Profissionalizantes
Roda de Conversa sobre Drogas e Redução de Danos
Tenda do Conselho Local de Saúde
Tenda Informativa sobre Prevenção e os Direitos Sexuais e Reprodutivos
Alimentação Gratuita
Parceiros nesta ação:
C.S San Martin
SEMEAR Vila Olímpia
Grupo Raça
Cordão de Ouro Capoeira San Martin
Grupo Estar Bem
AESCISP
Instituto CIDAS
Casa da Criança MEIMEI
Instituto Federal de São Paulo – IFSP
Apoio
EMDEC
Guarda Municipal